Impactos da Importação de Pneus na Cadeia da Borracha Natural
A cadeia produtiva da borracha natural está sendo pressionada por um aumento expressivo das importações de pneus, principalmente de países asiáticos. Entre 2017 e 2023, o mercado nacional de pneus encolheu 19%, enquanto as importações cresceram impressionantes 229%. Esse movimento afeta diretamente a indústria brasileira de borracha, já que uma grande parte da produção é destinada à fabricação de pneus.
O governo busca mitigar esses efeitos com a proposta de aumento das tarifas de importação de pneus, que pode saltar de 16% para 35%. Essa medida visa proteger a indústria nacional, que luta contra a concorrência desleal de pneus importados a preços muito baixos. No entanto, essa solução também traz controvérsias. Enquanto os produtores locais comemoram a possível elevação, setores como o de transporte rodoviário, que depende intensamente de pneus, temem o aumento de custos e a repercussão nos preços do frete, levando inclusive à ameaça de uma nova greve dos caminhoneiros.
A situação se agrava com o passivo ambiental gerado pelas importações. Enquanto a indústria nacional cumpre metas rigorosas de reciclagem de pneus, importadores acumulam grandes quantidades de pneus não reciclados, representando um risco ambiental significativo. Isso coloca em questão não apenas a competitividade, mas também a sustentabilidade do setor.
No entanto, o debate vai além de protecionismo. Para os críticos, a falta de capacidade instalada na indústria local e a manutenção de preços elevados são um reflexo de políticas ineficazes, que não estimulam a inovação e a competitividade. Com isso, as tarifas de importação se tornaram um instrumento de disputa de poder econômico, onde o consumidor final — seja ele um produtor rural, caminhoneiro ou cidadão comum — arca com o aumento dos custos.
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